A flor de seu gozo
Lento,
No alto
Do salto
Vermelho
(seus pés me
pisam e
engolem
como afogar-se
na corrente).
Ela respira,
E dorme.
Suor de
Pudor
Dos olhos escuros
(não sei se
falo
ou deito
ao seu lado;
não dormirei
em seus braços).
O ventre
Entrelaçado
De passado,
Resiste
Ao toque
(devo perceber
a Nudez
nos olhares
que não
trocamos)?
Guilherme Lanari Bo Cadaval 24/9/2007
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Versos em Quarto Fechado
Perder a vida
Na vida.
Não é ilusão de sexo,
Nem a carne ferida.
Nem estrela
Que brilha
Por não ser impedida.
Mas euforia contida.
Sabor
Do saber
Ser.
O nada em cada tudo.
Nada faço
Com a vida
Ela que me faz.
Fez e fará.
Lembraremos juntos
O verão
De nossas idas.
Guilherme Lanari Bo Cadaval 15/9/2007
Na vida.
Não é ilusão de sexo,
Nem a carne ferida.
Nem estrela
Que brilha
Por não ser impedida.
Mas euforia contida.
Sabor
Do saber
Ser.
O nada em cada tudo.
Nada faço
Com a vida
Ela que me faz.
Fez e fará.
Lembraremos juntos
O verão
De nossas idas.
Guilherme Lanari Bo Cadaval 15/9/2007
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Poema
Subversiva
(Ferreira Gullar)
A poesia
quando chega
não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
de qualquer de seus abismos
desconhece o Estado e a Sociedade Civil
infringe o Código de Águas
relincha
como puta
nova
em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
reconsidera: beija
nos olhos os que ganham mal
embala no colo
os que têm sede de felicidade
e de justiça
E promete incendiar o país.
(Ferreira Gullar)
A poesia
quando chega
não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
de qualquer de seus abismos
desconhece o Estado e a Sociedade Civil
infringe o Código de Águas
relincha
como puta
nova
em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
reconsidera: beija
nos olhos os que ganham mal
embala no colo
os que têm sede de felicidade
e de justiça
E promete incendiar o país.
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Sacrifício
Num instante foi o sangue, o horror, a morte na lama do chão.
– Segue, disse a voz. E o homem seguiu, impávido
Pisando o sangue do chão, vibrando, na luta.
No ódio do monstro que vinha
Abatendo com o peito a miséria que vivia na terra
O homem sentiu a própria grandeza
E gritou que o heroísmo é das almas incompreendidas.
Ele avançou.
Com o fogo da luta no olhar ele avançou sozinho.
As únicas estrelas que restavam no céu
Desapareceram ofuscadas ao brilho fictício da lua.
O homem sozinho, abandonado na treva
Gritou que a treva é das almas traídas
E que o sacrifício é a luz que redime.
Ele avançou.
Sem temer ele olhou a morte que vinha
E viu na morte o sentido da vitória do Espírito.
No horror do choque tremendo
Aberto em feridas o peito
O homem gritou que a traição é da alma covarde
E que o forte que luta é como o raio que fere
E que deixa no espaço o estrondo da sua vinda.
No sangue e na lama
O corpo sem vida tombou.
Mas nos olhos do homem caído
Havia ainda a luz do sacrifício que redime
E no grande Espírito que adejava o mar e o monte
Mil vozes clamavam que a vitória do homem forte tombado na luta
Era o novo Evangelho para o homem da paz que lavra no campo.
– Segue, disse a voz. E o homem seguiu, impávido
Pisando o sangue do chão, vibrando, na luta.
No ódio do monstro que vinha
Abatendo com o peito a miséria que vivia na terra
O homem sentiu a própria grandeza
E gritou que o heroísmo é das almas incompreendidas.
Ele avançou.
Com o fogo da luta no olhar ele avançou sozinho.
As únicas estrelas que restavam no céu
Desapareceram ofuscadas ao brilho fictício da lua.
O homem sozinho, abandonado na treva
Gritou que a treva é das almas traídas
E que o sacrifício é a luz que redime.
Ele avançou.
Sem temer ele olhou a morte que vinha
E viu na morte o sentido da vitória do Espírito.
No horror do choque tremendo
Aberto em feridas o peito
O homem gritou que a traição é da alma covarde
E que o forte que luta é como o raio que fere
E que deixa no espaço o estrondo da sua vinda.
No sangue e na lama
O corpo sem vida tombou.
Mas nos olhos do homem caído
Havia ainda a luz do sacrifício que redime
E no grande Espírito que adejava o mar e o monte
Mil vozes clamavam que a vitória do homem forte tombado na luta
Era o novo Evangelho para o homem da paz que lavra no campo.
Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro, 1933
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Sofia
Sofia toma calmantes.
Assalta-me o corpo
Em noites distantes.
Se joga logo ao fronte;
Sofia nada teme.
(só barata pela janela).
Nela me encontro.
Em meio ao caos
De tantos dias.
Tantos dizeres e fazeres.
Tantas nuvens
De papel
Voando.
Vejo Sofia lá no alto,
Sempre sorriso no cenho.
(Sofia me rouba tudo que tenho).
E acena.
Ou talvez espante os mosquitos
A beber-te o sangue.
Às vezes no mau tempo,
Me jogo à terra
Esperando Sofia
Ser chão.
Guilherme Lanari Bo Cadaval 2/9/2007
Assalta-me o corpo
Em noites distantes.
Se joga logo ao fronte;
Sofia nada teme.
(só barata pela janela).
Nela me encontro.
Em meio ao caos
De tantos dias.
Tantos dizeres e fazeres.
Tantas nuvens
De papel
Voando.
Vejo Sofia lá no alto,
Sempre sorriso no cenho.
(Sofia me rouba tudo que tenho).
E acena.
Ou talvez espante os mosquitos
A beber-te o sangue.
Às vezes no mau tempo,
Me jogo à terra
Esperando Sofia
Ser chão.
Guilherme Lanari Bo Cadaval 2/9/2007
domingo, 16 de setembro de 2007
Desde o Primeiro Instante
Visão me embaraça;
Olfato me tranqüiliza;
Audição me amedronta;
Tato me arrepia;
Paladar me alegra.
Pois ao último instante
Já és minha.
E nossas línguas se roçam.
Tuas coxas me prendem.
Dançamos a noite inteira.
Perdemos-nos entre prazeres e orgasmos.
És minha por uma foda.
Sou teu pela eternidade.
Olfato me tranqüiliza;
Audição me amedronta;
Tato me arrepia;
Paladar me alegra.
Pois ao último instante
Já és minha.
E nossas línguas se roçam.
Tuas coxas me prendem.
Dançamos a noite inteira.
Perdemos-nos entre prazeres e orgasmos.
És minha por uma foda.
Sou teu pela eternidade.
Ricardo Cardoso de Lima e Silva
06/09/2007
sábado, 15 de setembro de 2007
Poema
Por Ela
(Carlito Azevedo)
Perdera – era a
perdedora. Repara
como anda, não lembra
uma onda morta de medo
pouco antes de
desabar sobre a areia?
Você se pergunta: o
que pode fazer por ela
o poema? Nada, calar
todos os seus pássaros
ordinários –o que lhe
soaria como bruscas
freadas de automóvel.
Se ele pudesse abraçá-la
em não abraçá-la. Mas
ainda assim a quer
reviver e captar, faz
os olhos dela brilhar
numa assonância boa e,
invisível, faz do corpo
dela o seu. Repara
ainda um pouco. Mais
do que se pensa, ele a
perdeu: com a areia do
seu deserto amoroso
ergueu-lhe sua
triste ampulheta. Fim.
Perdera
era
o
(Carlito Azevedo)
Perdera – era a
perdedora. Repara
como anda, não lembra
uma onda morta de medo
pouco antes de
desabar sobre a areia?
Você se pergunta: o
que pode fazer por ela
o poema? Nada, calar
todos os seus pássaros
ordinários –o que lhe
soaria como bruscas
freadas de automóvel.
Se ele pudesse abraçá-la
em não abraçá-la. Mas
ainda assim a quer
reviver e captar, faz
os olhos dela brilhar
numa assonância boa e,
invisível, faz do corpo
dela o seu. Repara
ainda um pouco. Mais
do que se pensa, ele a
perdeu: com a areia do
seu deserto amoroso
ergueu-lhe sua
triste ampulheta. Fim.
Perdera
era
o
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Problema
Eu faço Engenharia Elétrica na UFRJ e é muito difícil escrever pensando em números todos os dias da semana. Por isso, estou ficando sem textos para postar.
Tentarei postá-los ao máximo, mas enquanto isso, imitarei meu sócio e postarei textos de artistas aleatórios.
Por hoje é só.
Tentarei postá-los ao máximo, mas enquanto isso, imitarei meu sócio e postarei textos de artistas aleatórios.
Por hoje é só.
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Retorno
Tenho alguns poemas, que escrevi durante essa pequena ausência, e vou postar aos poucos, intercalando com textos de diferentes autores. Vai aí o primeiro, espero que gostem:
Vertigem
Caio.
Em casa sem chão e tábuas
De madeira velha
Que alinhei junto ao colchão
Nas mil noites mal dormidas
Sem unha pra agarrar
A mão a mim estendida,
Caio.
Medo no escuro
Sento.
No banco vermelho
Exposto em meio ao serrado
Eu amarrado e com mordaça de flores
Pra sangrar todos meus amores
Que passam distantes
Onde os dedos não chegam,
Sento.
Tiro no peito
Sinto.
O tempo correndo
Sempre em demasia
De poucas palavras
E tics e tacs do relógio
Que bate só na cozinha
E me invade toda vez quando vou mijar,
Sinto.
Parado no ar
Vejo.
Redentor lá no alto
Roubando-me a cama
Sem lençóis nem fronhas
E vazia de mim
Que sento na sala
Em meio a fumaça
Pensando quanto tempo ainda falta
Para que algo aconteça.
Guilherme Lanari Bo Cadaval 6/9/2007
Vertigem
Caio.
Em casa sem chão e tábuas
De madeira velha
Que alinhei junto ao colchão
Nas mil noites mal dormidas
Sem unha pra agarrar
A mão a mim estendida,
Caio.
Medo no escuro
Sento.
No banco vermelho
Exposto em meio ao serrado
Eu amarrado e com mordaça de flores
Pra sangrar todos meus amores
Que passam distantes
Onde os dedos não chegam,
Sento.
Tiro no peito
Sinto.
O tempo correndo
Sempre em demasia
De poucas palavras
E tics e tacs do relógio
Que bate só na cozinha
E me invade toda vez quando vou mijar,
Sinto.
Parado no ar
Vejo.
Redentor lá no alto
Roubando-me a cama
Sem lençóis nem fronhas
E vazia de mim
Que sento na sala
Em meio a fumaça
Pensando quanto tempo ainda falta
Para que algo aconteça.
Guilherme Lanari Bo Cadaval 6/9/2007
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Insônia
Meus olhos cansados
Fecham-se ardidos.
Meu corpo dolorido
Se revira na cama.
Minha mente exaurida
Pensa erroneamente.
Suplico por ti.
O desgaste diário
Passara o limite.
“Venha logo” penso.
Meus olhos fechados
Se cansam de arder.
Meu corpo revirado
Dói na cama.
Minha mente pensativa
Erra ao descansar.
“Trabalho inacabado”.
Tento relaxar,
Respiro fundo
Desejo-te.
Meus olhos ardidos
Se fecham para o cansaço.
Meu corpo, na cama,
Revira sua dor.
Meu pensamento errado
Mente o repouso.
Tua presença
Me ilumina.
Tua demora
É compensada.
Tu, finalmente,
Me pões a dormir.
Fecham-se ardidos.
Meu corpo dolorido
Se revira na cama.
Minha mente exaurida
Pensa erroneamente.
Suplico por ti.
O desgaste diário
Passara o limite.
“Venha logo” penso.
Meus olhos fechados
Se cansam de arder.
Meu corpo revirado
Dói na cama.
Minha mente pensativa
Erra ao descansar.
“Trabalho inacabado”.
Tento relaxar,
Respiro fundo
Desejo-te.
Meus olhos ardidos
Se fecham para o cansaço.
Meu corpo, na cama,
Revira sua dor.
Meu pensamento errado
Mente o repouso.
Tua presença
Me ilumina.
Tua demora
É compensada.
Tu, finalmente,
Me pões a dormir.
Ricardo Cardoso de Lima e Silva
28/08/2007
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Outra Crônica
De Ressaca
(Luis Fernando Veríssimo)
Hoje, existem pílulas milagrosas, mas eu ainda sou do tempo das grandes ressacas. As bebedeiras de antigamente eram mais dignas, porque você as tomava sabendo que no dia seguinte estaria no inferno. Além da saúde era preciso coragem. As novas gerações não conhecem ressaca, o que talvez explique a falência dos velhos valores. A ressaca era prova de que a retribuição divina existe e que nenhum prazer ficará sem castigo. Cada porre era um desafio ao céu e às suas fúrias. E elas vinham – Náusea, Azia, Dor de Cabeça, Dúvidas Existenciais – às golfadas. Hoje, as bebedeiras não têm a mesma grandeza. São inconseqüentes, literalmente.
Não é que eu fosse um bêbado, mas me lembro de todos os sábados de minha adolescência como uma luta desigual entre o cuba-libre e o meu instinto de autopreservação. O cuba-libre ganhava sempre. Já dos domingos lembro de muito pouco, salvo a tontura e o desejo de morte. Jurava que nunca mais ia beber, mas, antes dos 30, “nunca mais” dura pouco. Ou então o próximo sábado custava tanto a chegar que parecia mesmo uma eternidade. Não sei o que o cuba-libre fez com o meu organismo, mas até hoje quando vejo uma garrafa de rum os dedos do meu pé encolhem.
Tentava-se de tudo para evitar a ressaca. Eu preferia um Alka-Seltzer e duas aspirinas antes de dormir. Mas no estado em que chegava em casa nem sempre conseguia completar a operação. Às vezes dissolvia as aspirinas num como de água, e engolia o Alka-Seltzer e ia borbulhando para a cama, quando encontrava a cama.
Mas os métodos variavam. Por exemplo:
Um cálice de azeite antes de começar a beber – O estômago se revoltava, você ficava doente e desistia de beber.
Tomar um copo de água entre cada copo de bebida – O difícil era manter a regularidade. A certa altura, você começava a misturar a água com a bebida, e em proporções cada vez menores. Depois, passava a pedir um copo de outra bebida entre cada copo de bebida.
Suco de tomate, limão, molho inglês, sal e pimenta – Para ser tomado no dia seguinte, de jejum. Adicionando vodca, tinha-se um Bloody Mary, mas isto era para mais tarde um pouco.
O sumo de uma batata, sementes de girassol e folhas de gelatina verde dissolvidas em querosene – Misturava-se tudo num prato de pirex forrado com velhos cartões do sabonete Eucalol. Embebia-se um algodão na testa e deitava-se com os pés na direção da ilha de Páscoa. Ficava-se imóvel durante três dias, no fim dos quais o tempo já teria curado a ressaca de qualquer maneira.
Uma cerveja bem gelada na hora de acordar – Por alguma razão, o método mais popular.
Canja – Acreditava-se que uma boa canja de galinha de madrugada resolveria qualquer problema. Era preciso especificar que a canja era para tomar, no entanto. Muitos mergulhavam o rosto no prato e tinham que ser socorridos às pressas antes do afogamento.
Minha experiência maior é com cuba-libre, mas conheço outros tipos de ressaca, pelo menos de ouvir falar. Você sabia que o uísque escocês que tomara na noite anterior era papagaio quando acordava se sentindo como uma harpa guarani. Quando a bebedeira com uísque falsificado era muito grande, você acordava se sentindo como uma harpa guarani e no depósito de instrumentos da boate Catito’s em Assunção.
A pior ressaca era de gim. Na manhã seguinte, você não conseguia abrir os dois olhos ao mesmo tempo. Abria um e quanto abria o outro o primeiro se fechava. Ficava com o ouvido tão aguçado que ouvia até os sinos da catedral de São Pedro, em Roma.
Ressaca de martini doce: você ia levantar da cama e escorria para o chão como óleo. Pior é que você chamava sua mãe, ela entrava correndo no quarto, escorregava em você e deslocava a bacia.
Ressaca de vinho. Pior era a sede. Você se arrastava até a cozinha, tentava alcançar uma garrafa de água e puxava todo o conteúdo da geladeira em cima de você. Era descoberto na manhã seguinte imobilizado por hortigranjeiros e laticínios e mastigando um chuchu para alcançar a umidade. Era deserdado na hora.
Ressaca de cachaça. Você acordava, sem saber como, de pé, num canto do quarto. Levava meia hora para chegar até a cama porque se esquecera como se caminhava: era pé ante pé ou mão ante mão? Quando conseguia se deitar, tinha a sensação que deixara as duas orelhas e uma clavícula no canto. Olhava para cima e via que aquela mancha com uma forma vagamente humana no teto finalmente se definira. Era o Konrad Adenauer e estava piscando para você.
Ressaca de licor de ovos. Um dos poucos casos em que a lei brasileira permite eutanásia.
Ressaca de conhaque. Você acordava lúcido. Tinha, de repente, resposta para todos os enigmas do Universo. A chave de tudo estava no seu cérebro. Devia ser por isso que aqueles homenzinhos verdes estavam tentando arrombar sua caixa craniana. Você sabia que era alucinação, mas por via das dúvidas, quando ouvia falar em dinamite, saltava da cama ligeiro.
Hoje não existe mais isso. As pessoas bebem, bebem e não acontece nada. No dia seguinte estão saudáveis, bem-dispostas e fazem até piada a respeito. De vez em quando alguns dos nossos se encontram e se saúdam em silêncio. Somos como veteranos de velhas guerras lembrando os companheiros caídos e nosso heroísmo anônimo. Estivemos no inferno e voltamos, inteiros. Mais ou mesmo. Um brinde. E um Engov.
(Luis Fernando Veríssimo)
Hoje, existem pílulas milagrosas, mas eu ainda sou do tempo das grandes ressacas. As bebedeiras de antigamente eram mais dignas, porque você as tomava sabendo que no dia seguinte estaria no inferno. Além da saúde era preciso coragem. As novas gerações não conhecem ressaca, o que talvez explique a falência dos velhos valores. A ressaca era prova de que a retribuição divina existe e que nenhum prazer ficará sem castigo. Cada porre era um desafio ao céu e às suas fúrias. E elas vinham – Náusea, Azia, Dor de Cabeça, Dúvidas Existenciais – às golfadas. Hoje, as bebedeiras não têm a mesma grandeza. São inconseqüentes, literalmente.
Não é que eu fosse um bêbado, mas me lembro de todos os sábados de minha adolescência como uma luta desigual entre o cuba-libre e o meu instinto de autopreservação. O cuba-libre ganhava sempre. Já dos domingos lembro de muito pouco, salvo a tontura e o desejo de morte. Jurava que nunca mais ia beber, mas, antes dos 30, “nunca mais” dura pouco. Ou então o próximo sábado custava tanto a chegar que parecia mesmo uma eternidade. Não sei o que o cuba-libre fez com o meu organismo, mas até hoje quando vejo uma garrafa de rum os dedos do meu pé encolhem.
Tentava-se de tudo para evitar a ressaca. Eu preferia um Alka-Seltzer e duas aspirinas antes de dormir. Mas no estado em que chegava em casa nem sempre conseguia completar a operação. Às vezes dissolvia as aspirinas num como de água, e engolia o Alka-Seltzer e ia borbulhando para a cama, quando encontrava a cama.
Mas os métodos variavam. Por exemplo:
Um cálice de azeite antes de começar a beber – O estômago se revoltava, você ficava doente e desistia de beber.
Tomar um copo de água entre cada copo de bebida – O difícil era manter a regularidade. A certa altura, você começava a misturar a água com a bebida, e em proporções cada vez menores. Depois, passava a pedir um copo de outra bebida entre cada copo de bebida.
Suco de tomate, limão, molho inglês, sal e pimenta – Para ser tomado no dia seguinte, de jejum. Adicionando vodca, tinha-se um Bloody Mary, mas isto era para mais tarde um pouco.
O sumo de uma batata, sementes de girassol e folhas de gelatina verde dissolvidas em querosene – Misturava-se tudo num prato de pirex forrado com velhos cartões do sabonete Eucalol. Embebia-se um algodão na testa e deitava-se com os pés na direção da ilha de Páscoa. Ficava-se imóvel durante três dias, no fim dos quais o tempo já teria curado a ressaca de qualquer maneira.
Uma cerveja bem gelada na hora de acordar – Por alguma razão, o método mais popular.
Canja – Acreditava-se que uma boa canja de galinha de madrugada resolveria qualquer problema. Era preciso especificar que a canja era para tomar, no entanto. Muitos mergulhavam o rosto no prato e tinham que ser socorridos às pressas antes do afogamento.
Minha experiência maior é com cuba-libre, mas conheço outros tipos de ressaca, pelo menos de ouvir falar. Você sabia que o uísque escocês que tomara na noite anterior era papagaio quando acordava se sentindo como uma harpa guarani. Quando a bebedeira com uísque falsificado era muito grande, você acordava se sentindo como uma harpa guarani e no depósito de instrumentos da boate Catito’s em Assunção.
A pior ressaca era de gim. Na manhã seguinte, você não conseguia abrir os dois olhos ao mesmo tempo. Abria um e quanto abria o outro o primeiro se fechava. Ficava com o ouvido tão aguçado que ouvia até os sinos da catedral de São Pedro, em Roma.
Ressaca de martini doce: você ia levantar da cama e escorria para o chão como óleo. Pior é que você chamava sua mãe, ela entrava correndo no quarto, escorregava em você e deslocava a bacia.
Ressaca de vinho. Pior era a sede. Você se arrastava até a cozinha, tentava alcançar uma garrafa de água e puxava todo o conteúdo da geladeira em cima de você. Era descoberto na manhã seguinte imobilizado por hortigranjeiros e laticínios e mastigando um chuchu para alcançar a umidade. Era deserdado na hora.
Ressaca de cachaça. Você acordava, sem saber como, de pé, num canto do quarto. Levava meia hora para chegar até a cama porque se esquecera como se caminhava: era pé ante pé ou mão ante mão? Quando conseguia se deitar, tinha a sensação que deixara as duas orelhas e uma clavícula no canto. Olhava para cima e via que aquela mancha com uma forma vagamente humana no teto finalmente se definira. Era o Konrad Adenauer e estava piscando para você.
Ressaca de licor de ovos. Um dos poucos casos em que a lei brasileira permite eutanásia.
Ressaca de conhaque. Você acordava lúcido. Tinha, de repente, resposta para todos os enigmas do Universo. A chave de tudo estava no seu cérebro. Devia ser por isso que aqueles homenzinhos verdes estavam tentando arrombar sua caixa craniana. Você sabia que era alucinação, mas por via das dúvidas, quando ouvia falar em dinamite, saltava da cama ligeiro.
Hoje não existe mais isso. As pessoas bebem, bebem e não acontece nada. No dia seguinte estão saudáveis, bem-dispostas e fazem até piada a respeito. De vez em quando alguns dos nossos se encontram e se saúdam em silêncio. Somos como veteranos de velhas guerras lembrando os companheiros caídos e nosso heroísmo anônimo. Estivemos no inferno e voltamos, inteiros. Mais ou mesmo. Um brinde. E um Engov.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
O Liberto
O ar pressionava as células de seu corpo. Ele rasgava o céu, cortando o ar em um som ensurdecedor, que nada mais era do que um agrado. Seus pensamentos confusos e obscuros sumiram, vagarosamente, um após o outro. O sentimento de leveza, fazia com que sua consciência não pesasse mais, fazia com que seu corpo flutuasse pela eternidade. Com movimentos rápidos, ele se divertia. Brincava como se fosse criança. Ele era seu próprio passatempo. Não precisava de comédias ou drogas para fazê-lo rir, pois ele sorria com prazer, e o ar secava sua boca, mas ele era criança e tudo o divertia, até isso. A roupa colava em seu corpo, trazendo-lhe uma sensação de nudez e liberdade. E era isso que acontecia. Seu corpo não era mais de sua pessoa, suas moléculas não formavam mais a mesma. Ele era pura felicidade e seu corpo, aos poucos, se transformava em, apenas, energia. Uma pequena olhada no ponteiro indicava-lhe que seu tempo acabara. E esse era o motivo pelo qual aquilo não era perfeito, o ponteiro. Apesar de toda a tranqüilidade que o ar que o cercava, que enchia seus pulmões com dificuldade, que o mantinha vivo, e vivo, mais do que nunca, agora, lhe oferecia, ele ainda havia de se preocupar. De súbito, suas lembranças de um mundo “real”, vinham à sua cabeça. Mas ele não queria se importar e nem lhe caberia de fazê-lo. Com um puxão, arrancou o pequeno aparelho que o tornava aflito, e com repetidos solavancos, arrancava sua roupa, em desespero. E, não porque entrava em pânico, mas porque se livrava dele e tinha pressa, pois seu tempo era curto.
E este momento, foi fantástico. Sentia seu corpo fluir pelo espaço, até um manto negro começar a cobrir seus olhos. Já tinha pulado muitas vezes naquela aventura. E sempre havia de voltar. Mas não agora, seu pára-quedas não abriria e ele estaria livre. Logo, ficou assim, feliz, para sempre.
Ricardo Cardoso de Lima e Silva
11/04/2007
sábado, 8 de setembro de 2007
O Beijo da Vida
O movimento começara. A cena era, de fato, bonita. Reconhecia. Com seu corpo imóvel esperou. Lembrou-se de vários momentos de sua vida. Um em especial durou uma eternidade. Aquele primeiro beijo.
Seu coração batia forte como mil trovões e suas mãos tremiam com insegurança. Ele havia acabado de se declarar para ela e esperava sua resposta. Mas a resposta não viria pois ela estava pior que ele, ela estava em choque. Conseguiu juntar coragem e fez com que seus instintos o comandassem. Todas as suas fibras o levaram para frente e sua boca fora conduzida a dela. Ela não recusou, pois seu desejo não era diferente. Lábios se tocaram e as suas mãos seguraram o rosto da menina, como se em caso soltasse, ela fugiria. Mas essa não era a verdade. Finalmente a menina se mexeu e suas mãos se afirmaram no torso do garoto. Ele, por sua vez, colocou as mãos em torno dela, na altura da cintura. As mãos dela subiram e seus braços envolveram o pescoço do amante. E assim ficaram, dançando. Suas línguas, em sincronia com seus corpos, liberavam uma energia maravilhosa, que infiltrava suas células, seus corações.
Então, o machado atravessou seu pescoço em um lance só e sua cabeça voou. Jatos de sangue indicavam seus últimos batimentos cardíacos.
Seu coração batia forte como mil trovões e suas mãos tremiam com insegurança. Ele havia acabado de se declarar para ela e esperava sua resposta. Mas a resposta não viria pois ela estava pior que ele, ela estava em choque. Conseguiu juntar coragem e fez com que seus instintos o comandassem. Todas as suas fibras o levaram para frente e sua boca fora conduzida a dela. Ela não recusou, pois seu desejo não era diferente. Lábios se tocaram e as suas mãos seguraram o rosto da menina, como se em caso soltasse, ela fugiria. Mas essa não era a verdade. Finalmente a menina se mexeu e suas mãos se afirmaram no torso do garoto. Ele, por sua vez, colocou as mãos em torno dela, na altura da cintura. As mãos dela subiram e seus braços envolveram o pescoço do amante. E assim ficaram, dançando. Suas línguas, em sincronia com seus corpos, liberavam uma energia maravilhosa, que infiltrava suas células, seus corações.
Então, o machado atravessou seu pescoço em um lance só e sua cabeça voou. Jatos de sangue indicavam seus últimos batimentos cardíacos.
Ricardo Cardoso de Lima e Silva
23/07/2007
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
Uma Crônica
O Pavão
(Rubem Braga)
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
Rio, novembro, 1958
(Rubem Braga)
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
Rio, novembro, 1958
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Troca de Personas
Deu-lhe um suave beijo na têmpora direita. Seus olhos expressavam claramente seu recente passado, mas ninguém percebeu, ninguém prestou atenção. Sentou-se no outro lado do cômodo em um sofá com bastante calor humano, de frente para o dono das têmporas e nele prestou atenção. Aquela era uma pessoa que o entendia, mesmo daquela poltrona, relativamente, distante. Naquele momento percebeu a diferença entre um olho bonito e um olhar bonito. O pequeno abismo que faz uma pessoa ser intensa por dentro ou apenas bonita exteriormente. Talvez fosse a química que fizesse isso. Talvez todos tivessem um par, ou mais, com quem pudessem entender a alma vendo-a apenas através de sua janela. Mas isso não importava. Abriu o sorriso, tentando expressar a falsa felicidade e respirou fundo, para que percebessem apenas a calma física, em vez do caos não-material. Quase podiam conversar mentalmente. Isso a assustou. Desviou o olhar e procurou conforto em conversas animadas, pois talvez a animação se transmitisse pelo ar.
Levantou-se e seguiu até a varanda. Lá, observou as estrelas, com curiosidade, tentava enxergar algo além de pontos, ligando-os. Mas nada sabia de astronomia. Suspirou e resolveu só apreciar o bonito céu. Os infinitos em passados distantes, muitas vezes mais velhos que ele mesmo. Afastou-se da luz do cômodo cheio e barulhento. Assim, ele podia respirar melhor a brisa, e sentir seu odor. Podia ver o céu quase azul de tão iluminado por tantas estrelas, agora, mais aparentes. O ar gelado da noite o fez ficar grato por estar vivo. Voltou para o cômodo barulhento, infestado de criaturas espaçosas.
Pegou algo para beber, sua garganta já lhe cobrava umidade. Água foi o líquido ideal. Desceu-lhe até o estômago, refrescando-a apenas como anjos o fariam. Terminou seu copo e foi ao banheiro. Trancou-se e sentou-se na privada com a tampa fechada. Estar em um cômodo tão pequeno, sozinha, fazia a vida parecer simples, trivial.
Esperou por uns minutos.
Ergueu-se e abriu a torneira. Apenas para sentir a água escorrer em suas delicadas mãos. Abriu a porta. Alguém esperava para usar o banheiro.
Logo depois, saiu do ambiente em que se encontrava. Com o rosto lavado, foi socializar com os amigos. A vida continuava igual e era mais do que o esperado. Voltou ao seu lugar, dando uma breve passada no outro lado do cômodo, em uma certa têmpora esquerda contida em um sofá. Sentou-se na mesma poltrona, de frente para ela.
Estavam felizes por existir o amor.
Levantou-se e seguiu até a varanda. Lá, observou as estrelas, com curiosidade, tentava enxergar algo além de pontos, ligando-os. Mas nada sabia de astronomia. Suspirou e resolveu só apreciar o bonito céu. Os infinitos em passados distantes, muitas vezes mais velhos que ele mesmo. Afastou-se da luz do cômodo cheio e barulhento. Assim, ele podia respirar melhor a brisa, e sentir seu odor. Podia ver o céu quase azul de tão iluminado por tantas estrelas, agora, mais aparentes. O ar gelado da noite o fez ficar grato por estar vivo. Voltou para o cômodo barulhento, infestado de criaturas espaçosas.
Pegou algo para beber, sua garganta já lhe cobrava umidade. Água foi o líquido ideal. Desceu-lhe até o estômago, refrescando-a apenas como anjos o fariam. Terminou seu copo e foi ao banheiro. Trancou-se e sentou-se na privada com a tampa fechada. Estar em um cômodo tão pequeno, sozinha, fazia a vida parecer simples, trivial.
Esperou por uns minutos.
Ergueu-se e abriu a torneira. Apenas para sentir a água escorrer em suas delicadas mãos. Abriu a porta. Alguém esperava para usar o banheiro.
Logo depois, saiu do ambiente em que se encontrava. Com o rosto lavado, foi socializar com os amigos. A vida continuava igual e era mais do que o esperado. Voltou ao seu lugar, dando uma breve passada no outro lado do cômodo, em uma certa têmpora esquerda contida em um sofá. Sentou-se na mesma poltrona, de frente para ela.
Estavam felizes por existir o amor.
Ricardo Cardoso de Lima e Silva
01/05/2007
Obrigado, Julia, pela inspiração. Tô com saudades, aparece mais, po!
=*
terça-feira, 4 de setembro de 2007
sem título
Os prédios dançam
Evitando despencar.
Os cadarços balançam
Como quem nada quer.
As carteiras se abrem
Mesmo sem querer.
Cadê a pasta de dentes?
Cadê minha escova?
Evitando despencar.
Os cadarços balançam
Como quem nada quer.
As carteiras se abrem
Mesmo sem querer.
Cadê a pasta de dentes?
Cadê minha escova?
Ricardo Cardoso de Lima e Silva
04/10/2007
Agora os posts serão dia sim dia não, então. Porque não sustento isso sozinho.
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Aviso
Resolvi dar um tempo no blog. Voltarei algum dia, não sei quando.
Obrigado à todos que passam por aqui,
Guilherme.
Obrigado à todos que passam por aqui,
Guilherme.
domingo, 2 de setembro de 2007
Saltinho em Bancos
“O que minha galinha faz em cima daquele gato?”
“Você tem um cachorro, sua mula.”
E o universo fez sentido.
“Você tem um cachorro, sua mula.”
E o universo fez sentido.
Ricardo Cardoso de Lima e Silva
31/08/2007
sábado, 1 de setembro de 2007
Poema
Traduzir-se
(Ferreira Gullar)
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?
(Ferreira Gullar)
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Indecentemente Formosa
Sua concentração,
Seus lindos olhos.
Vistos através do vidro
Como numa vitrine
Da mais bela forma.
Indecentemente perfeitos.
Seus lábios rosados,
Mordidos, tamanha aflição.
A beleza mental
Combina-se ao corpo,
E, embora genial,
Seu nervosismo é exposto.
Gota de suor,
Escorre-lhe a testa.
A perfeita esfera prateada.
Fruto de tanto esforço.
E, apesar de toda a atenção,
Não percebe.
O poeta em seu caminho.
Balançando, rabiscando.
Ao lado dele,
Ela mal sabe, mas,
A fonte de sua inspiração,
É sua beleza eterna.
Seus lindos olhos.
Vistos através do vidro
Como numa vitrine
Da mais bela forma.
Indecentemente perfeitos.
Seus lábios rosados,
Mordidos, tamanha aflição.
A beleza mental
Combina-se ao corpo,
E, embora genial,
Seu nervosismo é exposto.
Gota de suor,
Escorre-lhe a testa.
A perfeita esfera prateada.
Fruto de tanto esforço.
E, apesar de toda a atenção,
Não percebe.
O poeta em seu caminho.
Balançando, rabiscando.
Ao lado dele,
Ela mal sabe, mas,
A fonte de sua inspiração,
É sua beleza eterna.
Ricardo Cardoso de Lima e Silva
28/05/2007
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