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sábado, 18 de agosto de 2007

Sem Título

Serei eu tua causa?
A faca que te parte em duas?
Serei o tempo que te carrega?
A melodia que te rege?
Serei tua lua nua?
A onda que te quebra?
Serei a voz no teu ouvido?
Cada outra batida de teu peito?
Serei o sim, o não, talvez?
As vestes que te cobrem?
O copo de onde bebes?
Serei chuva no verão?
A brisa que te arrebata?
Serei teu prazer furtivo?
Verbo imperativo?
Serei força da natureza?
O banco onde adormeces?
Serei o fim do mundo?
O sol nascente?
Serei teu?
Serei eu?

Guilherme Lanari Bo Cadaval 16/08/2007

Tem um verso roubado aí no meio....

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Poema de Ponta de Língua

Teus olhos são como um eclipse solar.
A beleza, tua formosa mágica, me fascina,
Contudo, hesitante, vacilo em contemplar.
Pois tua íris enxerga além da minha,
Explora a alma, se tal for permitido.
Mas eu não deixo.
Pois minha alma nunca será pura como ti.
A vergonha dessa tua descoberta
Atormentaria-me eternidades,
Infinitudes de tempo sem tua presença.
Então escondo meu rosto de peito aberto
Esperando que enxergues além da figura,
Que percebas meu amor
E te tornes o mesmo tanto.


Ricardo Cardoso de Lima e Silva
10/08/2007

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Cartas sobre a mesa

Que fazem com tuas tardes,
Homens de terno escuro?
Fazem nada,
Nada fazem,
Diz pássaro torto que logo esconjuro.
Porque se sentam abaixo da mangueira,
À esquerda da roseira,
Ao lado da água que desce corriqueira,
Toda triste sexta-feira?
Respondem os homens,
Em tão grave coro:
Aqui jogamos vida curta.
De satisfação plena,
Onde ninguém nos escuta.

Guilherme Lanari Bo Cadaval 14/08/2007


Carolina disse...
(...) eu sugiro uma cena: Um grupo de quatro homens em seus 40 anos em uma mesa no parque jogando pôquer....


Taí o resultado. Espero que gostem. Continuo aceitando sugestões. Podem deixar em qualquer post. Uma que seria legal é o título para um poema.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Pensamentos Impuros

Crianças andróginas,
Meninos e meninas
Sem postura nem compostura.
Andando, falando.
Como o ciclo da água,

Descem e sobem ruas.
Incansáveis criaturas.

Seus olhos que tanto viram
Mostram aos seus cérebros
Suas mais novas experiências.
O que é muito é pouco.
Inexperientes, vagam,
Procurando experiências,
Experimentos.

Matam e machucam,
Sem vida, a vida.
Insetos esmagados,
Animais chutados.
Longe de suas cabeças
A percepção da semelhança.

Se lançam aos impulsos,
Puros, tão impuros.
Buscam o calor e o amor.
Encontram muita dor,
Mas como se fosse água,
Engolem, sem gosto nem desgosto.

E seus corpos manchados,
Marcham sem direção.
O egoísmo, excêntrico,
Egocêntrico, é o motor.
Suas imagens refletidas lhes chamam a atenção
Mais que as estações, primavera, verão.

A vida vai passando
Rápido como quem tem pressa.
Esses que têm pressa:
Essas crianças, andrógenas,
Fruto de suas dores,
De seus mais belos amores.

Vivem a vida como se fosse curta
Sentem como se fosse longa
E morrem como se não tivesse sido,
Como se pudessem ter aproveitado mais.
E seus arrependimentos,
Se tornam os únicos sentimentos.

Dignos de pena, vagam.
Atravessam paredes, como fantasmas.
Quem lhes dera ser a parede.
Tão simples, pura, fácil.
Ao invés, só sugam tudo e se destroem.

Engraçadinha, essa raça humana.


Ricardo Cardoso de Lima e Silva
23/07/2007

terça-feira, 14 de agosto de 2007

A Máquina

Nun
Ca
Pá ra
Síscan
Galha
Vem o
Homemseu lugar.
Nun ca
Pára
Síscan galha
Vemo homemseu lugar.
Nuncapára
Síscangalha
Vemohomem seulugar.
Nuncapárasíscangalha
Vemohomemseulugar.
Nuncapárasíscangalha vemohomemseulugar.
Nuncapárasíscangalhavemuôminseulugá.
Nuncapárasíscangalhavemuôminseulugá.
Nuncapárasíscangalhavemuôminseulugá.

Guilherme Lanari Bo Cadaval 13/08/2007

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Froid Nuit

La nuit.
Le foncé en transformant
La vie dans noire et blanc.
La vie qui ne vit pas.
Seulement survit
Avec les suppléments
Ressemblés dans le matin
Et dans l’après-midi.

Mais la nuit ne juge pas.
Elle est morte.
Parce que la vie,
Sans couleur,
N’est pas vivent.

Et quand souffle
Son froid vent,
Elle souffle tous
Sans distinction.

Quand elle montre
Leurs plus jolies étoiles,
Elle les montre pour tous.
Tous les regards de tous les êtres.

L’ivrogne n’est pas illuminé
Comme le sobre
Et le pécheur
Comme le saint.
Parce que la nuit
Ne juge pas, c'est morte.

Ricardo Cardoso de Lima e Silva
19/07/2007
A noite.
O escuro transformando
A vida em preto e branco.
A vida que não vive.
Somente sobrevive
Com os suprimentos
Coletados na manhã
E na tarde.

Mas a noite não julga.
Ela está morta.
Porque a vida,
Sem cor,
Não é vivida.

E quando sopra
Seu frio vento,
Ela sopra todos
Sem distinção.

Quando ela mostra
Suas mais lindas estrelas,
Ela as mostra para todos,
Todos os olhares de todos os seres.

O bêbado não é iluminado
Como o sóbrio
E o pecador
Como o santo.
Porque a noite
Não julga, está morta.

domingo, 12 de agosto de 2007

Flor da Idade

O expor da personalidade,
A apuração dos sentidos.
A produção incessante
Dos hormônios assaz vitais.
O esforço de uma vida
Em se embelezar
Tentando difundir a espécie.
A atração sensual espalhada
E causada pelos olhos animais.
A sexualidade em profusão.
A primavera em seu auge
Manchando a paisagem
Em cores púrpura e rósea.
O desabrochar de um ser.
A puberdade em seu limite.
O amadurecer de um corpo.
A idade de ouro.



Ricardo Cardoso de Lima e Silva
09/08/2007
Maria Clara disse...
Oi, filho,Minhas sugestões tem a ver com sentidos:

• visão - uma árvore que vai florindo aos poucos;

• olfato - cheiro da terra e do ar antes de uma chuva.
Não era o que você tinha em mente, provavelmente, Maria Clara, mas foi o que veio à minha cabeça. Pus tua idéia em meio a uma metáfora. Espero que goste de qualquer jeito.