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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pensamentos

Pensar a vida... Espantar-se com ela. Vivemos tão fechados dentro destes sistemas invisíveis – uma cultura, um idioma, um estado, um apartamento, uma época, um círculo e uma vida social. Nosso mundo é separado em compartimentos, e cada aspecto de nossas vidas pertence a uma gaveta. Nesse sentido tudo é muito claro. Por mais que a gaveta possa estar bagunçada, confusa – está tudo ali, tudo ali pertence àquele lugar, e tem como “seguro” o nome da gaveta, o que deixa a bagunça ordenada, suportável.

Mas isto ocorre no nosso interior, que projeta essa “ordem” sobre a vida. Enquanto esta escapa a qualquer rótulo, corre solta por aí, sem regras, sem sentido, sem propósito, sem gavetas, sem ordem... Falando assim, não parece um grande absurdo, a vida? Nascemos com uma sentença de morte. Vivemos sem saber por que (por quem...?) ou para que. Guiamos a nós mesmos, ao tempo que somos guiados por forças além de nosso alcance, de nosso controle. Não falo em Deus. Chamem do que quiserem. Coisas ocultas, ausentes, poderosas, que nos impelem para lá ou para cá; para lá e para cá...

Um pensamento que tenho. Talvez soe como uma defesa da astrologia. O sol permite nossa vida. Dá cor a todas as coisas (nada tem, de fato, uma cor), nos esquenta, enfim, todos aqueles “fenômenos físicos”. O sol, uma estrela, é essencial, fundamental, decisivo em nossas vidas. E as outras estrelas, que da mesma forma estão no universo, tão distantes quanto nosso sol (porque para o homem tanto faz que sejam bilhões ou trilhões de quilômetros de distância)? Elas não fazem a menor diferença em nossas vidas? Afetam a terra, isso deve bastar para que também nos afetem.

O homem; esse bicho terrivelmente impotente frente à vida. Dominamos o planeta! Evidentemente temos sede. Sede igualmente terrível, que nunca sacia, que nunca vive a si mesma. Não, temos sede, então bebemos, enquanto pensamos na próxima sede e na próxima (in)satisfação. Será que o simples presente nunca nos bastará? Porque não é no presente que estamos aprisionados, embora a sensação seja claramente essa. É num futuro impossível, irreal, sem sangue, que corre artificialmente em nossos nervos. E mesmo vivendo dessa maneira ainda assim vivemos no presente!

Um dia o “homem” acabará. E talvez ele olhe para a própria ruína com surpresa. Talvez pare por um momento, e encontre-se face a face com a pequenez de sua grandeza. Há aqueles que temem parar, e ficar a sós, em silêncio consigo mesmos.

Retorno

De volta por aqui. E acho que não tem ninguém aqui.... O que significaria que estou falando sozinho. Estranhamente isso não parece um problema. Manter um diálogo com interlocutores ausentes: mesmo que aqui estivessem, ainda estariam ausentes.

Fiz uma proposta a mim mesmo, de escrever o que geralmente fica guardado em meu pensamento. Ou mesmo que eu o tenha colocado em folhas, elas foram só para mim, e não tinham um dever com a clareza.

Fiz essa proposta como um exercício. Coisas que a gente fica pensando, que incomodam um pouco, mas que também aliviam às vezes. De colocá-las "para fora", o que significa, de alguma maneira, torná-las reais, ao menos palpáveis (tão palpáveis quanto palavras podem ser).

Não tenho nenhum compromisso, senão comigo mesmo. Quero dizer, não me propus a dever nada a fontes, padrões de raciocínio ou de escrita, a "realidades" enfim, senão aquelas que a mim se apresentam quando penso.

Então, vamos nessa!