Falei no “eu” e na “vida”. E, como sempre, fiquei pensando sobre isso. Talvez eu deva mudar o nome do blog?...
Pedras dão a idéia de coisa dura, imutável, sempre de acordo consigo mesma, que apenas gera movimento, faíscas, no caso. Mas estas duas palavras, “eu” e “vida”, elas são o próprio movimento, visto que nem é quase possível capturá-las. Mais que isso: são criaturas. Então na verdade, outras coisas estão
O “eu”, o que é? Quem é? Ninguém. O eu surge no contraste com algo que não sou eu – o outro. Este é entendido simplesmente como um não-eu, que valida o eu como tal, e vice-versa. Mas neste contraste, perdem-se os dois, quase que instantaneamente. Por “eu” e “não-eu” serem, ao mesmo tempo e sempre, um e outro, nada pode ser fixado. Mesmo porque, quando digo “eu”, quem está afirmando isso? Não é o outro, diferente do primeiro, aquele que possibilita o contraste?
Porém é necessário que sejamos nós – que sejamos Eu. Para haver qualquer tipo de comunicação, é necessário um acordo, que algo esteja estabelecido, por mais que constantemente estejamos sobrevoando aquele abismo da identidade.
É mesmo um jogo de máscaras e uma representação, a língua. Para conversarmos, para que eu escreva este texto, preciso afirmar: eu sou isto aqui, eu estou aqui, por mais que também não esteja. Preciso vestir uma máscara, e chamá-la de “verdade”, para que haja chão sobre nossos pés. Talvez de alguma perspectiva, lançadas num abismo, talvez, as pedras sejam moles e vacilantes.