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sábado, 28 de julho de 2007

Utópica Harmonia

Bala que passa, a gente assobia.
Foi longe, diz o vigia.
Pode vir Dona Maria.
Pegou o pedreiro na rodovia.
Que agonia! Nem com blindagem se tem calmaria!
Vem o menino: relaxa, tia.
Sou eu que vivo na noite fria.

Guilherme Lanari Bo Cadaval
24/07/2007

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Burocracia

Vá para lá.
Tons imperativos,
Sem compaixão,
Ferem meus ouvidos
E logo, meu coração.
Tal política de merda que
Nos cerca e nos sufoca
Nessa dança burocrática
Que nunca acabará.

Vá para ali!
Cabeças abaixadas
E olhos fugazes

Acabam com a minha honra
E o que restava de dignidade.
Tal política de merda que
Nos cerca e nos sufoca
Nessa dança burocrática
Que estará sempre aqui.

Vá para acolá!
Dedos pontiagudos,
Sem sentido e precisão,
Me deixam perdido,
Sem noção de direção.
Tal política de merda que
Nos cerca e nos sufoca
Nessa dança burocrática
Que, aos poucos, me matará.


Ricardo Cardoso de Lima e Silva
23/07/2007

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Musa

A pronúncia de teu nome
Me faz suspirar.
Esse que começa manso
E termina como onda;
A se quebrar.

Pois te vejo nua na areia.
Braços estendidos.
Vento contornando tuas curvas;
A soprar.

Não dizes palavra.
És apenas bela.
De ti esperam tanto... tantos.
Contenta-se em velejar.

Em mar de noites acesas.
Corações disparatados.
Métrica, rima, lágrimas.
De quem quis tanto te amar.

Guilherme Lanari Bo Cadaval 21/07/2007

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Incompleto


Sem ti sou vazio.
Sou sem cor,

Sem vida e alegria,
Sou triste e incompleto.
Pois sem ti sou apenas
Um arco-íris pela metade,
Um ponto ínfimo de massa,
Uma flor sem pólen nem pétala.

Sem tua presença
A saudade aperta.
O coração bate fraco,
Enfermo.
Sem o teu espírito
O meu desaparece.
Escapa de meu corpo,
Com medo.
E ao evanescer de minha vida
Nada acontece.


Sem tua pele na minha
Nada sinto.
Sem teus olhos olhando os meus
Nada vejo.
Sem tua língua na minha
Nada gosto.
Sem teu cheiro inebriante
Nada cheiro.
Sem tua doce voz a me chamar
Nada ouço.

Melhor dizendo:
Sem ti não sou.

Ricardo Cardoso de Lima e Silva
25/07/2007

terça-feira, 24 de julho de 2007

A Bailarina e o Plebeu

És bailarina.
Sou platéia.
Revela tua beleza, dançada.
Escondo-me atrás da palavra.
Teus vestidos são de princesa.
Minhas vestes, de marginal.
Tuas noites são glamourosas.
Meu quarto vazio.
Tens amantes pelo mundo.
Meu amor é singular.
Tens o mundo aos teus pés.
Eu me deixo levar.
Teu caminho é iluminado.
Vago pela escuridão.
Diz ser feliz.
Sofro de paixão.
Teu choro é de menina.


Guilherme Lanari Bo Cadaval
30/06/2007
Foto: Ricardo Cardoso de Lima e Silva 10/12/2006

segunda-feira, 23 de julho de 2007

[Sem Título]

Boa tarde, como esse é o post inicial, gostaríamos de aproveitar para explicar o por quê da nossa URL ser em francês enquanto o título é em português. É simples. Um simplório que não posta nada desde outubro de 2005 está com o nome em português e aparentemente também tem um outro simplório com o nome em inglês. Decidimos então que o sentido é que era mais importante, não a língua. Aí ficou isso: "documentsanstitre.blogspot.com".
^^
É isso.


Então para estrear o blog, um post duplo. Aqui estão duas de nossas produções:


Tens remédio para o amor, caro senhor?
Respondia que não, o vendedor.
Nada que alivie essa dor?
Sinto muito, trovador.

Que fazes então quando teu peito arde?
Evito fazer alarde.
Fecho a venda de tarde.
Penso que nada dura uma eternidade.

Mas e as noites em claro?
Concentro-me no trabalho.

Teu coração ainda bate?
Sempre em disparate.

Guilherme Lanari Bo Cadaval
06/07/2007
Hidden Beauty

His body was heavy and he was starting to feel numb. The eyes of this tired, exhausted, human being were closing and without any strength to control it he only accepted his fate. And although he wasn’t feeling his own flesh, his own skin, he was aware of everything happening around him. Barely seeing, he could still sense the worry of the woman, her desperate voice and eyes. Her tears started to descend slowly, peacefully, her face. He could sense the regret of that person, who ran, as fast as he could, from his newest past. An ambulance was approaching but it was late and he had no regrets. He saved the woman he loved, and that was all that mattered. And words were inappropriate, since his unrequited passion was to an, almost, unknown character.

Ricardo Cardoso de Lima e Silva
12/04/2007