Sua face, tão perfeitamente moldada, escondia seu desespero. Sua mente confusa lhe pregava peças, como uma criança travessa brincando com a vida ínfima de um inseto. Seu corpo não transpirava, mas estava quente e ela respirava sem ritmo, perdida. Ali, sentada no banco do parque, brincava com seus dedos, aflita, como se tentasse tirar uma mancha em sua mão. E seus olhos giravam inquietos, procurando, vasculhando, paranóica. Mordia seus formosos lábios com força. Talvez para não se desprender totalmente do mundo.
Para os pedestres que ali passavam, aquela era só uma linda criança, quase mulher. Os espectadores a viam sentada, em paz, brincando inocentemente com sua mão, olhando o mundo que tentava sempre compreender mais.
Levantou-se e começou a andar na grama, lenta, sem vontade. Sua saia longa, até o joelho, balançava com o vento, como em uma dança. Mas ela não dançava, só vagava. Seu coração doía e não sabia por quê. Pôs a mão direita em seu peito para senti-lo bater. Respirou profundamente e continuou a andar, com seus dedos entrelaçados de novo. Suas ações nem eram lembradas, mesmo dois segundos depois. Fazia tudo quase inconscientemente.
Ouviu uma voz familiar, alguém gritava, longe, ela avistou mas não enxergou quem era. Com dificuldade, andou mais rápido, para conseguir ver quem a chamava. Quando apenas dez metros o separavam, viu o rapaz. Ela o amava, não sabia como nem por quê. Seu corpo começou a relaxar, sentia que já podia falar. Gritou seu nome. Seus braços se soltaram livres, ao vento, e ela correu. Lágrimas pulavam de seus olhos. Ela nunca estivera tão feliz em vê-lo. A criança, quase homem, percorreu o mesmo caminho que ela, com pressa. Não entendia o que estava acontecendo, mas seu amor estava atravessando a rua, correndo. Com o esforço máximo que podia fazer a alcançou e empurrou.
A menina estava no meio do caminho quando foi empurrada e caiu. Sentiu que por um segundo havia perdido a consciência e olhou para o chão da rua, para o asfalto quente do dia ensolarado. Demorou alguns segundos para reconhecer o mundo. Não estava na grama e nem lembrava de haver estado. Alguém gritava, desesperadamente. A moça andou até o lugar de onde o grito surgira. Um caminhão estava parado, no meio da rua. Ao se aproximar, uma poça de sangue aparecia aos poucos, crescente. Viu o rapaz. Gritou seu nome. Ela correu e seus braços o prenderam a ela. Lágrimas escorriam de seus olhos. Ela nunca estivera tão triste em vê-lo.
Para os pedestres que ali passavam, aquela era só uma linda criança, quase mulher. Os espectadores a viam sentada, em paz, brincando inocentemente com sua mão, olhando o mundo que tentava sempre compreender mais.
Levantou-se e começou a andar na grama, lenta, sem vontade. Sua saia longa, até o joelho, balançava com o vento, como em uma dança. Mas ela não dançava, só vagava. Seu coração doía e não sabia por quê. Pôs a mão direita em seu peito para senti-lo bater. Respirou profundamente e continuou a andar, com seus dedos entrelaçados de novo. Suas ações nem eram lembradas, mesmo dois segundos depois. Fazia tudo quase inconscientemente.
Ouviu uma voz familiar, alguém gritava, longe, ela avistou mas não enxergou quem era. Com dificuldade, andou mais rápido, para conseguir ver quem a chamava. Quando apenas dez metros o separavam, viu o rapaz. Ela o amava, não sabia como nem por quê. Seu corpo começou a relaxar, sentia que já podia falar. Gritou seu nome. Seus braços se soltaram livres, ao vento, e ela correu. Lágrimas pulavam de seus olhos. Ela nunca estivera tão feliz em vê-lo. A criança, quase homem, percorreu o mesmo caminho que ela, com pressa. Não entendia o que estava acontecendo, mas seu amor estava atravessando a rua, correndo. Com o esforço máximo que podia fazer a alcançou e empurrou.
A menina estava no meio do caminho quando foi empurrada e caiu. Sentiu que por um segundo havia perdido a consciência e olhou para o chão da rua, para o asfalto quente do dia ensolarado. Demorou alguns segundos para reconhecer o mundo. Não estava na grama e nem lembrava de haver estado. Alguém gritava, desesperadamente. A moça andou até o lugar de onde o grito surgira. Um caminhão estava parado, no meio da rua. Ao se aproximar, uma poça de sangue aparecia aos poucos, crescente. Viu o rapaz. Gritou seu nome. Ela correu e seus braços o prenderam a ela. Lágrimas escorriam de seus olhos. Ela nunca estivera tão triste em vê-lo.
Ricardo Cardoso de Lima e Silva
23/07/2007
Eu tinha que mostrar esse antes que o blog parasse ou algo assim. Antes que deixasse de ser visitado pelos poucos que ainda têm a paciência de fazê-lo.
2 comentários:
não sei do que está falando, sr ricardo. adorei os textos e passo aqui todos os dias. até pensei em voltar a escrever num blog, mas, como voce sabe, escolher um nome decente e original tá complicado. =P
beijos, chris
achei engraçadíssimo o bo se chamar guilherme. tenho certeza de que já ouviu isso meio bilhão de vezes, mas podia jurar que seu nome era pedro. =P
ah, sim. não liguem para o login (uma batata). foi por falta do tal nome decente e original.
Olá Ricardo,
gostei muito do seu conto e das poesias. Serei uma visitante assídua para ler suas outras publicações. =)
Beijão,
Flavia.
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