Nem saberia dizer-te a razão... Não as tenho. Queres-me presa da tua forma. Tu, sorrindo despreocupado, como se soubesses, sorriso de possuidor.
Me encontras, e me trazes um vestido, bem como tu gostas. Vermelho do início ao fim. Na longa cauda um rasgo por onde insinuam-se minhas pernas. Ali, onde o segredo está guardado; onde queres acreditar.
Então por um momento me retiro, peço tua licença. Dispo-me no teu vestido sangue. Quando volto, já tua boca está a salivar. Tuas mãos, rudes, sedentas – ignorantes. Pegas na minha cintura, e gozas. Assim como querias, ver-me na fôrma do teu vestido, no contorno das tuas linhas, no vermelho do teu desejo. Para que pudesses desembrulhar-me, e terias chegado, possuir-me-ias. E para sempre, sem nunca outro vestido oferecer-me. Jamais com outras mãos tocar-me.
Agora tu dormes. E vejo no teu rosto, a simples satisfação. Dormes; vives liberto, agora. Então me levanto, no silêncio afasto-me. Cobre-me o vestido, já velho, já outro. Espero por um momento, do lado de fora.
Quando vibra junto ao sol tua surpresa muda, engraço-me. Fecho a porta.
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